Diogo Teixeira (texto e foto)
Para o poeta e cronista goiano Luiz de Aquino, Cora Coralina é um ícone na literatura goiana. A projeção que ela alcançou como poetisa, por retratar em versos o cotidiano de uma mulher, em uma cidade histórica do Estado de Goiás é significativo e influência as novas gerações. “Ela estimula os mais jovens, estimula as mulheres”, diz Luiz de Aquino. Para ele, esta é a grande importância do trabalho de Cora Coralina para os artistas goianos e para o Estado de Goiás.
Mulher simples, doceira de profissão. Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas - nome de batismo de Cora - é também um ícone forte nos movimentos de conquistas femininas. Luiz de Aquino afirma que enquanto ela tinha marido vivo, não pode publicar nada do que escrevia. “Cora só começa a publicar depois que fica viúva”, e isso caiu no gosto das feministas, nos movimentos dos anos 60 e 70, pela consolidação das conquistas femininas, considera ele.
De acordo com o poeta, o Brasil sempre foi cheio de poetisas. Contudo, “as poetisas brasileiras se limitavam sempre as mesmas temáticas”. A da “flor”, do “amor ingênuo”, a “relação mãe e filho”, “avó e neto”. Para ele era algo um tanto piegas. Há não ser por algumas artistas de mais expressão, tais como, Clarice Lispector e Cecília Meireles, que também significaram o peso de quebrar tabus. Mulher, poetisa. Cora Coralina projetou nacionalmente o nome de Goiás, e de acordo com Luiz de Aquino, os poetas goianos reconhecem a importância deste feito.
No ponto de vista do poeta, tanto na comunidade da antiga Vila Boa de Goiás, a velha capital, quanto no Estado como um todo, Cora tem o merecido destaque. “É muito comum em viagens, quando me identifico como poeta de Goiás, a pessoa trazer uma referência de Cora Coralina”, lembra Luiz de Aquino. Ele considera ainda natural o fato de uma parcela da população goiana, que ele julga “desinformada” e “desinteressada” pelas ações culturais, ignorar a representatividade de Cora Coralina para a cultura local. Mas afirma, “aquela parcela dos que se interessam por cultura, sabem muito bem da importância dela”.
“Cora Coralina caiu no gosto popular e pode até haver quem questione a validade da poesia dela dentro de uma construção qualitativa”, diz Luis de Aquino. Entretanto, na visão dele, a simplicidade com que Cora escrevia, e seu desconhecimento acerca das regras de gramática contribuiu para que sua produção artística priorizasse a mensagem ao invés da forma. “A Cora Coralina era muito cuidadosa com a língua, tanto no escrever quanto no falar”, observa o poeta.
Poeta e cronista goiano Luiz de Aquino
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