sexta-feira, 29 de abril de 2011

"Faltam cursos que qualifiquem djs em Goiânia"

Por Diogo Teixeira (texto e foto)

Muito sensível, tímido e compreensivo. São com esses e alguns outros adjetivos que o pisciano, publicitário por formação e DJ da boate goianiense Total Flex Bpm Club, Allan Pércio, se define. Para ele, a maior dificuldade de ser DJ hoje é a falta de profissionalismo e de valorização do trabalho pelas boates e produtores. Ele alerta que em Goiânia faltam cursos que qualifiquem as pessoas que querem trabalhar na área. Natural da cidade de Ceres, localizada no interior do Estado de Goiás, o jovem de 24 anos completou, em outubro do ano passado, sete anos de carreira. Atualmente, seu nome figura entre os principais profissionais goianos quando o assunto é música. Responsável por um set elegante e ao mesmo tempo moderno, Allan Pércio revela quais são suas influências e conta que considera o público homossexual inteligente e antenado, enquanto os heterossexuais são mais contidos. De acordo com ele, os DJs não devem se preocupar em agradar a todos e diz que, além de muito conhecimento musical, pesquisa e paciência é necessário ter foco.

Futrica: Quais são suas influências?
Allan: Minhas influências foram mudando de acordo com a época. Começaram no pop, passando pelo techno, drum’n’bass, chegando ao house e o tribal. Grupos e djs foram Warp Brothers, ATB, Black Box, Gala, Thunderpuss, Anderstanding, Breno Barreto, Kobbe & Leeds entre outros. 


Futrica: Qual a maior dificuldade de ser DJ hoje?
Allan: Hoje há uma “febre” de que qualquer pessoa pode ser DJ. Trabalhar com música e público é um dom. É preciso ter felling. É preciso dominar bem técnicas de mixagem e conhecer cada público. Provavelmente, a maior dificuldade é a falta de profissionalismo em alguns setores e falta de reconhecimento de casas e produtores. Estou em Goiânia há seis anos e tenho sete de carreira. Não tenho o que reclamar, mas muito ainda pode ser melhorado. 


Futrica: Quem anda chamando sua atenção na cena nacional e internacional?
Allan: Pode-se dizer que o Brasil é um verdadeiro celeiro de ótimos djs e produtores. A criatividade do brasileiro é incontestável e hoje quem mais me chama a atenção são os djs Felipe Lira, Tommy Love, Filipe Guerra, Breno Barreto, E-Thunder entre outros.Vale lembrar que a lista é muito mais extensa. Internacionalmente, Tony Moran, Kobbe e Autin Leeds, Tracy Young, Freemasons, Escape & Coluccio. 


Futrica: Como é o seu lado pessoal? Fale sobre sua personalidade.
Allan: Sou um legítimo pisciano. Muito sensível, emotivo, paciente, tímido e compreensivo. Para o trabalho, tive que aprender a entrar no personagem, lidar com público, pessoas que apreciam e admiram meu trabalho exigem um Allan Pércio mais solto. Não se pode confundir o profissional com o pessoal, mas problemas surgem, com certeza. 


Futrica: Qual a diferença principal de tocar para um público de uma casa GLS ou de uma balada hétero?
Allan: O públíco GLS é o melhor. Como costumamos dizer, eles “se jogam”, é um público inteligente, antenado, que canta junto com os remixes, vibram com cada música nova e cobram muito dos DJs. Temos sempre que estar um passo à frente. Afinal, ser DJ é ser vanguarda. O público hétero é mais contido e diria até um pouco menos interessado, salvos raros casos. Mas quando você acerta com eles, a energia é ótima. 


Futrica: O que não tocaria de forma alguma?
Allan: Forró e sertanejo. 


Futrica: Em sua opinião, o que falta no cenário musical goiano? Quais os entraves para os artistas e músicos de qualidade?
Allan: Faltam cursos que qualifiquem realmente o profissional, suporte de casas noturnas, agências ou agentes que reúnam bons profissionais. Iniciantes têm problemas porque não têm cursos. Faltam oportunidades para mostrar seu trabalho ou mesmo aprender com afinco. 


Futrica: O que alguém que quer ser DJ e trabalhar com música eletrônica não deve fazer no começo da carreira?
Allan: Achar que sabe e tentar agradar todo mundo. Todo dia é dia de aprendizado e o caminho mais curto para o fracasso é tentar agradar a todos. É preciso foco. Nem tudo são louros. Requer muito conhecimento musical, pesquisa, paciência, desistências. O trabalho na noite é cansativo, exige muito física e mentalmente. É preciso dom e, claro, muita dedicação. 

                                                DJ Allan Pércio discoteca em Goiânia

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